sábado, 21 de abril de 2012

Recomeçar a escrever.






Recomeçar a escrever.
Recomeçar por saber que esse já havia deixado de ser um problema. Escolher as palavras que sintetizem meus pensamentos, buscar nas composições de substantivos, adjetivos, verbos e advérbios a oração que melhor condense minhas emoções. Talvez seja exatamente isso que eu precise... Uma oração... Uma prece aos céus, ao universo, a esse resto de matéria estelar que em algum momento também me formou, que compõe desde os maiores corpos celestes às menores e mais torpes mentes humanas... Compor... Criar... Fazer da composição de uma poesia a recomposição de uma vida... De uma forma de viver...  Recompor-se, permitir-se e tornar-se outro, ou ao menos aceitar que nunca seremos os mesmos, que o tempo nos reinventa segundo após segundo, que não vivemos de experimentação, vivemos de escolhas, consequências e reconstrução... Reconstruir-se, escolher não apenas palavras, escolher pessoas, lugares, ideias, crenças, e se deixar ser escolhido também... Ou não. Aceitar que a escolha não parte de um único lado, que às vezes o que você quer não interage com o querer do outro, que você pode escolher alguém e não necessariamente será escolhido por ele. Aprender a aceitar. Respeitar a ausência, o silêncio e a distância, que muitas vezes fazem parte de você, e outras de pessoas que você preferia que estivessem ao seu lado. Preferências não formam a nossa realidade, apenas nos auxiliam a traçar um caminho... Traçar um, dentre tantos outros caminhos que sempre nos é apresentado. O acaso, o destino, a sorte, o universo, também aproximam e afastam caminhos de nós... O nós e o eu, a crueldade dos pronomes pessoais... Sou primeira pessoa, e posso ou não estar só... A solidão... O nó dado nos caminhos... A aceitação da primeira pessoa como única pessoa, a ausência de um colo, de um carinho que nos é dado sem a necessidade de pedir, pelo simples prazer de afagar a alguém... Aceitar-se... Sozinho ou não... Aceitar a dor, a alegria, o prazer, o gozo, a angústia, a tristeza, a mutabilidade... Deixar de ser... Simplesmente estar... Na primeira pessoa, do singular ou do plural.