quarta-feira, 20 de junho de 2012

Os 87...



Está verde. Ultimamente sempre tenho deixado assim, é como um sinal, uma metáfora de que eu também estou disponível, de que quero e tenho necessidade de conversar, de me comunicar.
Desço a barra de rolagem, o número 87 pisca, como se eu realmente tivesse 87 possibilidades de trocas, de conversas e de relações de amizade, amor, companheirismo e preocupação. Número ilusório, me engana. A barra de rolagem o denuncia, os 87 formam parte de uma rede artificial de pessoas que em algum momento da vida me encontraram, mas que não necessariamente se preocupam comigo, talvez até nem lembrem de mim.
Dos 87 me restam 3. Três pessoas que talvez, quem sabe, estejam dispostas a se relacionarem comigo, a conversarem, e que de verdade queiram saber como estou. Mas porque então não iniciam uma conversa? Devem estar ocupadas, devem estar conversando com outras pessoas, devem estar tão conectadas nos posts e imagens que queremos que todos vejam e que provavelmente não geram nenhum tipo de reação, de sentimento, em ninguém. É a falsa sensação de que aquilo que temos a dizer realmente importa a alguém, merece ser dito, é importante, pertinente. Incomodo-os? Questiono-os? Inicio logo uma conversa vazia que me gerará alguns minutos de distração, de alienação da solidão que grita em meus ouvidos?
Nas atualizações percebo que há aqueles que não estão verdes, disponíveis, mas que se manifestam, que estão ali, apenas não querem iniciar uma conversa, não precisam. Sinto inveja. Já fui assim. Já me mantive off todas as vezes que me aventurava no mundo virtual, o vazio, a efemeridade que hoje me confortam, outrora me eram completamente dispensáveis.
Ele também está ali, nas atualizações, mas off. Inatingível. Superior. Não dependente daquelas relações superficiais. Queria conversar, conhecê-lo, descobrir um pouco mais sobre nossas semelhanças e diferenças. Possibilitar a saída do âmbito virtual, ir para o âmbito real. Mas ele continua ali, off, preso em seu mundo, livre em seu próprio mundo.
Acompanho as atualizações, curto ou não? Comento ou não? Me importo ou não? Tanto faz. Meu mundo está solitário e vazio, o dele, quem sabe... Somos todos tão egoístas, inertes em nossa própria arrogância, ego, medos... E nada acontece, e o mundo passa, a vida passa. Quantas outras possíveis conversas, convivências e relações não aconteceram, não acontecerão. E o verde continua verde, o on continua brilhando, os 87 oscilam, ora 100, ora 40, ora 2.
Fecho o computador, como um ato de rebeldia, de tentativa de libertação, apago as luzes, todas aquelas que estão acesas para fingir que há mais alguém na casa. Digo boa noite, ninguém responde. Desligo a TV que me fazia companhia e vou dormir... Não sem antes olhar o celular e imaginar que alguém possa se importar e mandar um sms.    

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