Ver meu sobrinho ansiando pela meia-noite é lembrar de como
eu ficava quando criança. Acordava esperando que tudo no dia 24 fosse especial.
Nada poderia ser como nos outros dias, porque era véspera de natal, a vida
tinha que ser mágica pelo menos em um dia no ano.
Muitos foram os natais significativos, aquele em que ganhei a
minha primeira bicicleta, ou quando jurei ter visto o papai noel cruzando o céu
perto de casa ou, na pré-adolescência, quando pude ficar a primeira vez na rua
até as 6 da manhã. O natal era muito esperado, muito amado.
Minha família gosta de natal. Meu pai faz presépio, minha mãe
monta a árvore de natal e me obriga a fazer compras com ela na véspera,
encarando filas e filas, por amor a ela. Minha família se reúne e agradece pelo
que foi e pelo que vai ser.
Hoje, aos 28 anos, um pouco desencantada da vida, das pessoas
e da poesia na existência, talvez tenha perdido a magia que o natal me cercava
quando criança. Pensava antes que a magia havia ido embora porque era difícil
mantê-la diante da compreensão do funcionamento e da funcionalidade das
religiões, mas não acho que tenha sido isso, já que o que me atraia mesmo era o
quanto o mundo poderia ser mais bonito nesse dia, independentemente do porquê.
Hoje, faltando quatro horas para a virada do natal, ainda
estou em casa jogada no sofá vendo seriado, reproduzindo o cotidiano,
transformando essa data em algo banal, menos especial, nada mágico, mas como
uma fagulha de esperança de um momento pleno, espero a tradicional oração à
meia-noite, onde agradecemos pelo que veio e expurgamos o que foi.
Anseio por agradecer pelo que veio e expurgar o que foi e,
quem sabe, um dia, a magia seja restabelecida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário