Caminhava sozinha. Pessoas ao redor preenchiam a
paisagem, massa cinza e homogênea. Continuava a caminhar, precisava chegar a
seu destino.
Os passos, às vezes mais largos, às vezes mais
curtos, seguiam num ritmo adaptado ao seu cansaço. Ela já havia caminhado muito
e se nos momentos em que partilhava a caminhada com alguém a trajetória parecia mais leve,
quando partiam os passos duplicavam de peso, de ranço, se arrastavam.
Caminhar não era uma escolha, era um movimento
natural. Todos caminhavam, a massa cinza e homogênea caminhava também, mas
pareciam não se importar muito com seus passos, andavam em pequenos grupos, em
duplas, normalmente olhavam pra cima, não percebiam o caminhar. Ela, por sua
vez, contava os passos. Passos doloridos, machucados... Caminhar sozinha era
difícil, mas era melhor assim.
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