domingo, 21 de dezembro de 2014

Porque as pedras doem no pé e na alma...



Caminhava sozinha. Pessoas ao redor preenchiam a paisagem, massa cinza e homogênea. Continuava a caminhar, precisava chegar a seu destino.
Os passos, às vezes mais largos, às vezes mais curtos, seguiam num ritmo adaptado ao seu cansaço. Ela já havia caminhado muito e se nos momentos em que partilhava a caminhada com alguém a trajetória parecia mais leve, quando partiam os passos duplicavam de peso, de ranço, se arrastavam.

Caminhar não era uma escolha, era um movimento natural. Todos caminhavam, a massa cinza e homogênea caminhava também, mas pareciam não se importar muito com seus passos, andavam em pequenos grupos, em duplas, normalmente olhavam pra cima, não percebiam o caminhar. Ela, por sua vez, contava os passos. Passos doloridos, machucados... Caminhar sozinha era difícil, mas era melhor assim.

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