quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O eu e o outro...

A pouco mais de uma semana conversava com um amigo sobre as diferentes formas de se encarar as relações humanas, como as pessoas criam diferentes expectativas a respeito de retribuição e reciprocidade ao permitir-se conhecer e ser conhecido pelo outro e, em meio a risos incrédulos dele citei O pequeno príncipe. Sei que não é a citação mais original, mas aconteceu de maneira tão natural que não pude evitar, o fato é que esse livro forma parte de um contexto muito significativo de minha vida em que uma das amizades mais importantes e intensas que tenho foi colocada à prova. Ainda assim, na citação não estava me referindo ao cuidado que o livro propõe, menos ainda ao convite para olhar de outra forma o mundo ao redor, me referia sim a conhecida frase “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.
Essa frase me remete a um significado muito forte, ao peso que nossas decisões têm no outro, que nossas ações geram nas pequenas felicidades daqueles em que na vida assumimos o papel de coadjuvantes, e principalmente, o quanto podemos controlar tudo isso... O quanto podemos interferir em tudo isso...
Poucos dias depois assisti ao filme Na natureza selvagem, e ainda que meu espírito de viajante tenha sido fortemente aguçado não consegui não pensar no outro lado daquela história. Enquanto mergulhava na coragem, no espírito libertário daquele “super andarilho” pensava naqueles que ficaram, que foram coadjuvantes na história do personagem, que não fugiram do massacrante ritmo da vida moderna e agüentaram as dores das perdas diárias, o esfacelamento gradual de nossas almas no cotidiano.
Compreendo muito facilmente a necessidade do personagem de se descobrir e descobrir o mundo, de se permitir viver sem amarras, fugindo da racionalidade e experimentando intensamente as alegrias que não são proporcionadas pelas relações humanas, mas e o outro? E aquele que fica?
Como se priorizar sem magoar ao outro? E mais, como viver plenamente uma experiência sabendo que alguém sofre devido às suas escolhas? É aí que, mais uma vez, entra O pequeno príncipe, se sou responsável por aquele que cativo, se para ser alguém pleno preciso fazer um constante exercício de alteridade, qual será a medida entre o eu e o outro nesse jogo das relações humanas?
Somos seres sociais, precisamos desse jogo para dar sentido a essa angústia interminável que sentimos, a esse constante desejo de busca, de renovação, de preencher uma lacuna interna que não sabemos ao certo o que é. São as novas experiências que norteiam a nossa existência, mas e o que fica? E o que afetamos? Não há, afinal, um meio termo pra tudo isso? Uma solução bem libriana para essa brincadeira de gente grande?
Essa é a minha atual busca...

2 comentários:

  1. É amiga.... se ficar o bicho come e sucumbimos (de tédio) se correr o bicho pega e também sucumbimos (de culpa)!
    Quem falou que era fácil??

    bjs

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  2. Pois é... Aprendendo... E sentindo na carne!!!

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